Preocupas-te muito com o que os outros pensam sobre ti? Estás sempre a tentar agradar a todos? Tens dificuldade em dizer não? Duvidas das tuas capacidades e do teu valor? Sentes que não gostas de ti o suficiente? Tens um discurso interno muito autocrítico? Ficas muitas vezes em segundo plano?

Então este artigo é para ti.

A autoestima é a avaliação que fazes de ti mesmo(a), o que pensas, sentes e como te comportas em relação a ti. De forma simples, é quanta estima dás a ti mesmo(a). Esta é composta por 3 pilares:

  • Autoconceito: os pensamentos que tens sobre ti;
  • Amor próprio: as emoções e sentimentos que tens sobre ti;
  • Autoconfiança: como te comportas.

É importante teres os 3 pilares e haver coerência entre eles. Aquilo que pensas sobre ti vai afetar aquilo que sentes, o que fazes e o que acontece na tua vida. E, desta forma, o que acreditas sobre ti possivelmente está a influenciar as tuas emoções e os resultados que estás a ter. Pode reforçar ideias que tens sobre ti e que não são verdade.

As crenças que temos sobre nós influenciam significativamente a nossa vida, pois se acreditamos que não somos capazes, por exemplo, de fazer bem o nosso trabalho, vamo-nos comportar como se isso fosse verdade, e se nos comportamos dessa forma, vamos ter resultados idênticos às nossas crenças iniciais. A isto chamamos de profecia autorrealizável.

Este fenómeno ocorre quando nos comportamos de forma a validar uma crença pré-existente. Por exemplo, perante a crença “a minha opinião não é importante”, numa reunião de trabalho podemos ficar mais calados, dar respostas de “sim” e “não” (com medo de falhar) e adotar posturas menos proativas. Existe, muitas vezes, o medo que alguém nos peça opinião diretamente e que isso nos coloque perante uma situação em que vemos a nossa opinião rejeitada, não validada ou não aceite pelos outros. Como consequência, vão surgir pensamentos de desvalorização e insegurança, tais como:

“Eles nem quiseram saber a minha opinião na reunião, nem me questionaram”.
“O meu trabalho não tem valor”.

Mas pode partir de ti a capacidade para alterares os teus comportamentos: se nessas reuniões começares a intervir, a dar sugestões, a participar e a seres proativo(a) (ainda que te sintas com muitas inseguranças e nem sempre a tua opinião possa ser ouvida ativamente), os comportamentos dos teus colegas serão diferentes para contigo, o que levará a pensamentos mais positivos sobre ti:

“Eu vou fazer o meu melhor, possivelmente vai correr bem, mas se não correr eu tenho recursos para melhorar isto”.

Os resultados dessa mesma reunião até podem ser menos positivos, mas não atribuirás a culpa a ti e ao teu desempenho, e perceberás que foste capaz de fazer diferente e arriscar.

Quais são os sinais de baixa autoestima a que deves estar atento(a)?

Comparação frequente: Quando esta comparação é uma forma de inspiração (ex: um dia também vou chegar a team leader) poderá impulsionar-te, mas quando é uma comparação que suscita pensamentos negativos sobre ti (ex: “nunca vou conseguir ser assim”) o seu impacto poderá ser prejudicial. Aquilo que idealmente gostavas de ser é baseado em coisas que realmente queres e desejas ou é influenciado por aquilo que a sociedade te impõe? Somos seres humanos únicos e não é suposto seres igual a ninguém. Não precisas de ser igual a ninguém para ter valor. Vão sempre haver pessoas diferentes.

Necessidade constante de aprovação dos outros (agradar aos outros): Já te aconteceu estares a realizar uma tarefa onde o foco é apenas a necessidade de agradar a chefia, em vez do sentimento de auto-realização da tarefa? Mas é impossível agradar sempre, e a toda a gente. Mesmo o “melhor” funcionário da empresa não agrada a todos e não é consensual, e não é por isso que perde o seu valor. A única pessoa a quem tens de agradar é a ti próprio(a).

Dificuldade em dizer não, em impor limites e em afirmar a sua opinião: Está associado à necessidade de aprovação e medo da rejeição — “Tenho de fazer o que os outros precisam para que gostem de mim, para ser aceite”, “Não o quero desagradar” “Tenho medo da reação dele”. É importante comunicares o que queres e o que não queres, o que aceitas e não aceitas. Ter limites é expressar as tuas necessidades e sentimentos de uma forma que o outro entenda. Quando deixas alguém passar algum limite e não deixas isso claro, é provável que a situação se repita. Ao cederes constantemente invalidas os teus desejos e necessidades. E contigo próprio(a) também é necessário estabelecer esses limites, olhando para as tuas necessidades e prioridades (ex: quantas vezes ficaste a trabalhar para além do horário de trabalho?).

Procrastinação frequente: Ir adiando uma tarefa (muitas vezes com medo de falhar na sua realização) faz com que não consigas terminar a tempo, ou consegues, mas sem a qualidade que querias, e isso leva a pensamentos de “Eu não sou capaz” e a sentimentos de culpa e ansiedade. Quando acreditas que não tens capacidades, começas a desenvolver uma visão negativa sobre ti, o que diminui a tua autoestima.

Perfecionismo: Pode ser adaptativo quando te impulsiona para a ação e para o esforço de dar o teu melhor, mas também pode ser desadaptativo quando estabelece padrões de exigência muito elevados que quando não são atingidos resultam em frustração e autocrítica excessiva. Está muitas vezes associado ao medo de falhar e da rejeição. Os erros e as falhas vão existir e isso não significa que tens menos competências. A falha não é uma medida do teu valor. E, em cada falha há uma evolução e aprendizagem. Valoriza mais o progresso do que o resultado final.

Dependência emocional e dificuldade na tomada de decisões: Quantas vezes procuras no exterior alguém que te valide, alguém que te elogie e acredite em ti? — “O meu chefe não disse nada sobre o meu trabalho”. Isso significa que o teu trabalho não é bom? Não. No entanto, quando existe uma baixa autoestima é como se as opiniões dos outros valessem mais do que a tua própria opinião. No entanto, deveria ser ao contrário. Não esperes dos outros algo que (até possa ser agradável de ouvir do outro) tu próprio(a) podes e deves dar a ti mesmo(a). O chefe não elogiou, mas e tu? Elogiaste o teu próprio trabalho? Costumas reforçar-te e incentivar-te? Não é possível controlar o que os outros vão fazer, e por vezes essa validação pode até nem chegar. Por isso, não procures respostas no exterior, mas sim as tuas próprias respostas e opiniões. “Estou na dúvida se deva mandar este e-mail, vou perguntar à minha colega”. Ninguém conhece tão bem a tua história, o teu trabalho, os teus sentimentos, como tu, por isso não há ninguém que saiba melhor o que fazer do que tu (mesmo na incerteza). Pode também acontecer que as opiniões externas sejam diferentes da tua e ainda abalarem mais a tua autoconfiança e insegurança. E nesses casos é importante comunicar apenas com caráter informativo, sem abrir espaço a opiniões.

Autocrítica interna frequente: Tal como o perfeccionismo, a autocrítica está também relacionada com o medo de falhar e da rejeição. Perante a falha a tendência é a autocrítica. Pensamentos como: “Nunca vou ser como aquela pessoa”, “Sou mesmo burro(a)”, “Não sou capaz”, surgem de forma automática e não consegues eliminá-los, mas é importante perceberes que não são a realidade, não são factos.

Isolamento social: “Estão todos a reparar em mim e nos meus defeitos”. Estás a ver as outras pessoas com as tuas lentes, pois a maior parte dos teus colegas de trabalho nem está a reparar no mesmo que tu, e inclusive as lentes deles poderão colocá-los igualmente preocupados com os seus próprios defeitos. “Ela está de costas, e está a evitar-me não gosta de mim”, “Está a falar baixinho para o colega do lado, pois, está a falar mal de mim” — acreditas que os teus pensamentos são uma verdade absoluta confirmada, as tuas lentes tendem a filtrar os acontecimentos de acordo com aquilo em que acreditas, quando muitas vezes não corresponde à realidade. O teu valor não depende do contexto.

Colocar os outros em primeiro lugar: Já te aconteceu estares sobrecarregado de tarefas e, mesmo assim, dares prioridade aos pedidos de ajuda dos outros? Neste caso não estás a priorizar o teu trabalho, nem a impor os teus limites. Priorizar não significa que não te importas com os outros, significa que te importas contigo também, com as tuas necessidades. Os problemas dos outros são mais importantes que os teus? Quantas vezes também não pedes ajuda com receio de incomodar os outros? Ocupas o teu lugar ou deixas que seja ocupado pelos outros? Quanto mais colocas os outros em primeiro lugar, mais vais ficando para último.

Dificuldade em aceitar elogios, em reconhecer qualidades e em lidar com as críticas: Habitualmente o foco está nas críticas, que tendem a ser logo validadas e acolhidas. Mas os elogios não são igualmente validados, surgindo pensamentos como “Ele só me está a dizer isto para ser simpático comigo, ou porque depois me quer pedir um favor”, “Elogiou o meu trabalho, mas eu não merecia, porque não fui competente, podia ter feito melhor”. Informações contrárias aquilo em que acreditamos, tendem a ser interpretadas à nossa maneira. Há uma dificuldade de afirmação e reconhecimento do valor próprio.

Baixas expectativas do futuro: Devido ao medo de não conseguir alcançar algo, assim como ao medo em arriscar, sair da zona de conforto, por haver a crença de “não sou capaz”. Esta crença ganha ainda mais força quando te comparas com os teus colegas, e te inferiorizas, havendo uma desvalorização pessoal, das próprias competências — “Eu nunca vou ser aumentado(a) como ele foi, porque não sou tão competente”.

Medo da rejeição e insegurança frequente: Este sinal acaba por estar relacionado com a maior parte dos referidos anteriormente. Há uma necessidade de aprovação por parte dos outros, com medo da rejeição, onde deixas de te colocar em primeiro lugar e tens dificuldade em dizer “não”. O medo da rejeição está, na maior parte das vezes, relacionado com o medo de falhar — “vou estar calado(a) na reunião, porque se disser algo incorreto nunca mais me vão solicitar para nada”, “se não conseguir fazer a tarefa de forma perfeita, prefiro nem começar, para não ouvir críticas negativas”

Quando estamos com a autoestima “em dia”, estamos protegidos contra os nossos pensamentos automáticos. Eles existem, mas fazem uma espécie de ricochete, não os acolhemos.

Estudos indicam que uma perceção negativa acerca de nós próprios pode levar a perturbações psicológicas como ansiedade, depressão ou insegurança, concluindo-se que a autoestima é considerada um dos mais importantes indicadores de saúde mental.

Vais começar a cuidar da tua? :)

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