Mães e pais afirmam, frequentemente, que ser mãe ou pai é a melhor e mais difícil tarefa do mundo. A melhor porque traz um novo propósito e significado à vida e a pior porque o senso de responsabilidade aumenta e a exigência de cuidar de uma criança de forma saudável coloca desafios diários.

Escolher ser pai ou mãe, implica adaptar todos os papeis vividos nas várias esferas da vida. Esta adaptação traz consigo mudanças significativas acompanhadas pelo medo de falhar.

“Como posso amenizar os meus erros?”, “O que devo fazer nesta situação?”, “Será este um comportamento normal de uma criança?”, “Estarei a ser um bom pai ou uma boa mãe?”

Nos tempos que correm, vivemos assoberbados de informação sobre práticas e estratégias de parentalidade seja nas redes sociais, nas livrarias ou na televisão. Apesar do fácil acesso a toda esta informação, as expetativas e a pressão colocada na qualidade da parentalidade leva a que muitos pais e mães se sintam exaustos, perdidos, assustados, culpados e frustrados.

Inicia-se uma procura incessante por respostas a propósito da amamentação,  atividades mais ajustadas a cada idade, ao desfralde, ao sono, tempo de ecrã, …. A pressão para que os seus filhos e filhas sejam os que dormem melhor, os que deixam a fralda mais cedo, os melhores alunos ou os mais responsáveis aumenta constantemente. A verdade é que este padrão de comportamentos torna-se prejudicial tanto para os pais como para as crianças.

A investigação tem revelado que ser mãe e pai, atualmente, pode ser mais stressante do que há algumas décadas atrás, por isso é essencial investir no autocuidado e prevenir a exaustão parental.

“Como posso cuidar de mim com tanto para fazer?”

Investir em nós e no nosso bem-estar é mais importante do que nunca. Se não cuidarmos de nós próprios teremos mais dificuldade em cuidar da nossa família e em fazer um bom trabalho. Ainda assim, é importante relembrar que a forma como investimos em nós próprios é diferente para cada um. Isto é, aquilo que sentimos como bem-estar difere de pessoa para pessoa e depende das diferentes etapas de vida.

Não precisamos de estar necessariamente a “produzir” algo no nosso tempo de autocuidado, respirar fundo, apreciar uma brisa no rosto ou ouvir o chilrear dos pássaros pode ser suficiente para repor energias. Autocuidado pode ser organizar as rotinas com calma de forma a incluir um banho relaxante, ou um lanche especial, assistir a uma série, conviver com pessoas significativas, ler um livro, ou contemplar o pôr do sol.

Independentemente da atividade que se escolhe fazer é importante lembrar-se das necessidades básicas que, por vezes, ficam esquecidas… Sim, refiro-me ao número de horas de sono, o tipo de alimentação, as pausas e o exercício feito ao longo do dia. Parece cliché, mas a verdade é que precisamos de encontrar um equilíbrio entre a vida pessoal, familiar e profissional. O autocuidado não é uma recompensa por ter trabalhado muito! Ele deve ser diário…

"Como vou praticar o autocuidado se mal consigo terminar tudo o que tenho para fazer no dia?”

Acredito que alguns pais e mães encarem o autocuidado como mais uma tarefa a ser cumprida e que isso, de alguma forma, os impeça de tentar incluir estes momentos. No entanto, essa visão pode dever-se a algumas razões, sobretudo à falta de apoio ou a inexistência de uma rede de suporte. É verdade… Os pais também precisam de ser cuidados.

Para garantir o bem-estar de uma criança, temos primeiro de garantir que os seus cuidadores primários estejam bem. Para isso acontecer, é necessário que estes cuidadores tenham o mesmo amor e suporte que querem dar aos seus filhos.

Onde podem encontrar isso? Na família, nos amigos ou até mesmo junto de profissionais especializados. O importante é que qualquer uma destas pessoas esteja disposta a oferecer ajuda prática, a confortar, a escutar e a proporcionar o tão merecido descanso.

Uma rede de apoio forte é um verdadeiro alicerce para a saúde mental e emocional de qualquer pai/mãe. Há realmente uma redução de stress e exaustão e uma maior sensação de confiança e capacidade. Isto, por sua vez, terá um impacto significativamente positivo no bem-estar da criança ou do adolescente, criando um ambiente emocionalmente seguro para seu desenvolvimento.

Pais, lembrem-se sempre que educar crianças e adolescentes é uma tarefa importante e, por isso, para o fazermos bem é necessário cuidarmos de nós – da nossa saúde física e psicológica, das nossas relações e do nosso bem-estar. O autocuidado é bom para nós, mas também para os nossos filhos/filhas.

Ah, só mais uma coisa… Apesar de este artigo se direcionar a todos aqueles que desempenham o papel de pai ou de mãe, é importante relembrar que o autocuidado faz parte de qualquer um – sejam trabalhadores, amigos, filhos, sobrinhos, vizinhos, ….

Estejam atentos às vossas necessidades!

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